A gestão de Ednaldo Rodrigues à frente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltou a ser alvo de sérias denúncias, envolvendo desde favorecimentos salariais até acusações de espionagem interna. Uma reportagem da revista Piauí revelou detalhes de bastidores da entidade que colocam em xeque a integridade da administração atual.
Entre os casos mais graves está o de Luísa Rosa, arquiteta contratada em 2020 para liderar um ambicioso projeto de infraestrutura da CBF. Promovida ao cargo de diretora de patrimônio após a chegada de Rodrigues à presidência em 2021, Luísa relata ter enfrentado uma série de retaliações e perseguições, culminando em uma denúncia formal à Comissão de Ética da entidade em maio de 2023 e sua demissão no mês seguinte.
Segundo a reportagem, seus atritos com a alta cúpula da CBF começaram após tentativas de seguir protocolos técnicos e administrativos que esbarravam em decisões arbitrárias do presidente. Em um dos episódios citados, Luísa organizou uma concorrência para obras de reforma no prédio da CBF, mas Ednaldo Rodrigues interveio, considerando os orçamentos altos, e contratou diretamente a MS Engenharia, que apresentou uma proposta abaixo dos valores de mercado.
O resultado foi desastroso. A obra, executada sem projeto técnico adequado nem especificação de materiais, teria levado ao desabamento do teto do auditório da entidade em 2023, comprometendo parte da estrutura física da sede.
O caso se agravou quando, durante uma vistoria de rotina no sistema de combate a incêndios, Luísa descobriu câmeras escondidas com microfones embutidos dentro de detectores de fumaça no restaurante da CBF. A instalação clandestina de equipamentos de vigilância interna levanta sérias questões sobre violação de privacidade e possível espionagem institucional. Segundo a reportagem, o presidente da Federação Baiana de Futebol (FBF), Ricardo Lima — cunhado de Ednaldo Rodrigues —, estaria ciente da existência desses dispositivos.
A denúncia também destaca supostos aumentos salariais para presidentes de federações estaduais, vistos como uma estratégia de cooptação de apoio político dentro da estrutura do futebol nacional.
A CBF ainda não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. Enquanto isso, cresce a pressão por investigações mais aprofundadas e maior transparência na gestão da entidade máxima do futebol brasileiro.





