As recentes declarações de Elon Musk acenderam o alerta em capitais ocidentais. Ao afirmar que “o Exército da Ucrânia entraria em colapso” se a rede Starlink fosse desligada, o bilionário expôs o que muitos analistas vinham alertando nos bastidores: a guerra na Ucrânia depende, em parte, da vontade de um único homem.
Desde os primeiros meses da invasão russa, a Starlink — sistema de internet via satélite desenvolvido pela SpaceX — foi rapidamente implantada na Ucrânia para substituir as redes de comunicação destruídas pelos bombardeios. Em pouco tempo, tornou-se um recurso vital no campo de batalha.
“Sem Starlink, não há drones, não há comunicação segura entre batalhões, não há coordenação”, disse um oficial ucraniano à imprensa europeia.
Tecnologia como poder geopolítico
O episódio levanta uma questão que ultrapassa o conflito ucraniano: quem controla as tecnologias essenciais em tempos de guerra?
O papel de Musk, até então celebrado por seu apoio à Ucrânia, vem sendo questionado por diplomatas e governos. A Polônia, principal financiadora atual do serviço Starlink para o exército ucraniano, já considera buscar alternativas. Os Estados Unidos, por sua vez, estariam condicionando o acesso ao serviço a concessões de Kiev sobre minerais estratégicos.
Para especialistas, estamos testemunhando uma nova era de poder geopolítico, onde empresas privadas exercem influência similar — ou até superior — à de Estados-nação.
Um alerta para o futuro.
A declaração de Musk não foi apenas uma bravata. Ela escancara um desequilíbrio perigoso: em pleno século 21, uma guerra moderna pode ser vencida ou perdida não apenas por tanques e mísseis, mas por decisões tomadas em uma sala de reuniões no Vale do Silício.
Enquanto isso, na linha de frente, soldados ucranianos seguem dependendo da estabilidade de uma rede que não pertence ao seu governo. A Starlink salvou a comunicação ucraniana — mas agora, o mundo se pergunta: a quem ela realmente serve?